segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Meu coração perdoa

 
Quero teu calor, teu cheiro
Abro os olhos, voce presente
Felicidade de lado, solidão a dois
Teu coração ausente

O  barco navega a deriva
E a solidão deita ao nosso lado
Tão perto, tão dentro, tão forte
Estamos tão sobrios, tão distantes

Amo-te  e tanto te desconheço
Teu olhar está em outra direção
Aprisiono-me  no passado
Outrora, voce no meu coração

O que foi, sem nunca ter vivido
No êxtase do encantamento
Cortou-me feito navalha
Nas trevas da covardia

A  dor é latente, visivel
Traição ferindo  um sentimento
Dor voraz, desumana
Dor do engano e do lamento

O inesperado vindo do nada
Traição sendo executada
Em meio a dor e frustação
Estou só, perdida em solidão

E o barco antes sem vela
Sem porto, sem rumo
Sem andar ao sabor do vento
Corre a ti em aguas mansas

E sentindo tanta dor
Em falhas desabafadas
Na alma enegrecida,
O coração perdoa!

7 comentários:

  1. Prima postiça, que poema maravilhoso! Eu digo mais uma vez: adorooo seus textos e acho a temática parecida às vezes com os da Florbela Espanca, da qual sou fã. Falando de dor então, me lembra mais ainda, mas claro, você tem sua linguagem que é atual e penetrante. Parabéns! Já sou sua fã também.
    Me tocou bastante este. Só o amor mesmo nos faz perdoarmos as maiores dores e amarmos aquilo que nos causou a dor.
    Bravo!
    Beijos
    @TalithaMesquita

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  2. Acabo de ter certeza que abordamos o mesmo tema...
    Tá lindo apesar de doloroso...
    Beijão

    Edilene
    http://devaneiopulsante.blogspot.com

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  3. Parabpens pelo texto! Acredito que o amor não seria amor se não houvesse sofrimento, amargura, tristeza, acho que faz parte do contexto!

    Beijo

    @miriandemoraes

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  4. O que foi, sem nunca ter vivido
    No êxtase do encantamento
    Cortou-me feito navalha
    Nas trevas da covardia

    Totalmente escrito pra mim, das necessidades urgentes que gritam lá no fundo do coração... Das vontades que sufoco e doem...
    Lindo Rô!!!

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  5. Excelente texto como sempre. Parabéns!

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  6. Impressiona saber como o amor, feito para ser paz, enlevo e prazer, pode tornar-se tão denso e desesperançado por um lado e, por outro, tão redentor.
    Só a mágica da poetisa para fazer a dor transformar-se em perdão.
    Obrigado pela lição.

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  7. Às vezes nos esquecemos de que amar não é apenas viver em êxtase -- é também sofrer pelo que sentimos. Quem não sofre nunca, é porque nunca amou de verdade. E sofrer requer perdão -- muitas vezes o que nos fere é aquilo que tanto amamos.

    Amor sem perdão não é mais amor -- é mágoa travestida em amor. O difícil é evitar essa metamorfose.

    Beijos,
    Fabio Piva
    http://paciencianegativa.blogspot.com/

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